O homem que matou Getúlio Vargas

À primeira vista, Dimitri Borja Korozec parece ser um jovem normal para seus dezessete anos; com um constante ar de menino desamparado, Dimo (como era chamado pelos pais) atrai a simpatia imediata de quase todos que o conhecem.

No entanto, de desprotegido Dimitri só tem a cara! Anarquista desde que se entende por gente, ele freqüentou a Skola Atentatora, uma organização tida como lendária, cujo o objetivo era formar os mais perigosos assassinos, homens conhecedores de mil e uma maneiras de dar cabo de um inimigo.

E Dimo se torna um desses assassinos... Dono de uma pontaria quase infalível, conhecedor de uma gama de venenos, ele é o assassino anarquista perfeito para dar cabo dos tiranos que oprimem as nações.

Bom, ele seria o assassino perfeito se não fosse por um pequeno probleminha que o acompanha desde a infância: Dimitri é completamente desastrado. E quando digo completamente, não estou exagerando; o rapaz sempre acaba se atrapalhando em suas missões e, quando por milagre não comete desastre nenhum, sua má sorte entra em ação, impossibilitando de concluir seu objetivo.

Garanto uma coisa: a cada insucesso do personagem, é impossível o leitor não dar umas boas risadas com as situações. Mas estamos falando de Jô Soares, não é? Ele, como poucos, é um mestre do humor inteligente.

Mas engana-se quem pensa que esse livro é apenas para aqueles que gostam de dar boas risadas. “O homem que matou Getúlio Vargas” é um prato mais do que cheio para aqueles – assim como eu – gostam de História.

Ao longo de sua trajetória, Dimo não só leva o leitor a uma viagem por Sarajevo, Paris, Miami e até – acredite você – Rio de Janeiro no início do século 20, passando por um marcante período histórico, que foi a Primeira Guerra Mundial. E nessa viagem, nosso assassino acaba conhecendo personagens que tiveram seus nomes marcados na História Mundial, tais como Mata Hari, Marie Curie, Al Capone, Dragutin e outros tantos. E todos aparecem no decorrer do livro de maneira tão espontânea e fluída que as situações não ficam parecendo forçadas.

Assim como “Assassinatos na Academia Brasileira de Letras”, esse é um daqueles livros que é capaz de agradar gregos e troianos. A narrativa é objetiva, sem floreios desnecessários; personagens muito carismáticos e bem construídos, mesmo que ele não apareçam mais do que três ou quatro páginas.

E, se você for uma daquelas pessoas que por algum motivo não gosta das obras do Jô sem ter lido – sim, isso acontece – dê uma chance para um dos livros dele. Duvido muito você não gostar, mas, se acontecer, o máximo que você tem a perder serão as horas gastas lendo esse livro.

Um comentário:

Priscilla Duhau disse...

Ainda não li nada de Jô Soares, mas confesso que tenho muita curiosidade. Até porque sou super fã dele e o acho genial, em todos os sentidos. Creio que os livros dele também devem ser. O mais breve possível vou seguir mais essa dica sua.
Obrigada, Rafa!

Beijão ♥
Priscilla Duhau
Livrificando