Entrevistando... Luciane Rangel!!

Oi galera, tudo bem?

Como vocês puderam ver, essa semana eu tirei para falar da série "Guardians", que vai ter o lançamento do último volume da série na Bienal do Livro do Rio de Janeiro.

Mas pensa que acabou? Que Nada! O quê seria de uma "Semana Guardians" sem uma entrevista com a autora, não é verdade? Só que - como é de se imaginar - a Lucy está numa correria alucinada com os últimos preparativos para a Bienal; cheguei a pensar que ela não conseguisse ter tempo para responder, mas eis que ela conseguiu ter um tempinho.


Quando descobriu que tinha o dom de “criar histórias”?
Desde criança, eu sempre tive uma imaginação extremamente fértil. Criava inúmeras histórias e as transformava em brincadeiras. Cresci, mas a cabeça continuou inventando enredos e mais enredos. Um belo dia, resolvi colocar uma dessas ideias no papel, depois outra e mais outra... E assim comecei a escrever. 

Como foi que “Guardians” nasceu? A história se desenrolou à partir de um personagem em particular ou de uma parte específica, ou a trama, a aventura, nasceu e em seguida os personagens foram nascendo?
Os personagens sempre vem primeiro. Pelo menos os iniciais. Sempre me perguntam isso, mas não sei explicar como foi que a história nasceu, ou de onde veio a inspiração, porque é tudo um processo longo, o enredo foi se construindo aos poucos.

Qual foi o primeiro personagem criado para a trama? Poderia contar como foi a criação/desenvolvimento dele?
Guardians começou com a Shermmie, exatamente na primeira cena do livro, sem eu fazer a menor ideia de que rumo isso iria tomar. Queria escrever um romance de aventura, mas o enredo foi amadurecendo aos poucos. Porém, os primeiros personagens a serem criados originalmente foram Anne, Hikari, Sofie, Hayato e Marco, que eram de outra história que planejei, mas nunca levei adiante. Toda a trama pessoal desses quatro personagens já estava pronta na minha mente, só tive que adaptar para o novo roteiro.

À princípio você publicava Guardians na internet. Quando olhou para a história e decidiu que deveria virar um livro?
Guardians atingiu um público considerável pela internet, e isso me surpreendeu. Já escrevia há alguns anos, mas era a primeira vez que divulgava algo escrito por mim na internet e a aceitação foi tanto excelente quanto surpreendente. No entanto, muita gente reclamava que queria ler a minha história, mas não tinha paciência e/ou tempo para ler na internet, e sempre comentavam: “quando você publicar em livro, eu leio”... E, ao mesmo tempo, meus já leitores também começavam a me cobrar isso. Percebi que era uma chance de Guardians chegar a ainda mais pessoas e, assim, decidi publicar.

Teve algum momento do livro que você teve uma dificuldade à mais para escrever?
O final de 2007 – ano que comecei a escrever Guardians – foi bastante tumultuado pra mim, com problemas sérios na família, de saúde, e em meio a entrega de monografia na Faculdade. Foi bastante complicado escrever nessa época, levava até dois meses para concluir um capítulo. Nas dificuldades da história em si, o final foi o mais lento e trabalhoso. Acho que finais são sempre complicados, ao menos pra mim.

Sofreu muitos bloqueios criativos enquanto escrevia a história? O quê fazia quando eles aconteciam?
Inúmeros! Em alguns casos, me forçava a escrever e a coisa, aos poucos, ia voltando a fluir. Em outros, o jeito era dar um tempo e relaxar um pouco. Ler um bom livro, assistir a um bom filme, sair com os amigos... Depois de um tempo a inspiração voltava (Graças a Deus! rs).


Tem algum ritual na hora de escrever?
Até que não. Só preciso de inspiração e silêncio.


Como a Ana Cláudia virou a ilustradora de “Guardians”?
Conheci a Ana Claudia em 2006. Ela “surgiu” no meu Orkut, perguntando se eu sabia desenhar, pois estava querendo montar um grupo de mangá em Belford Roxo (cidade onde moro e onde ela, na época, também morava). Respondi dizendo que não sabia desenhar, mas escrevia e, assim, poderia ser roteirista do projeto. O grupo foi montado, o roteiro foi escrito, mas o mangá não saiu porque os outros dois desenhistas que arrumamos não faziam a parte deles rs. Como um mangá seria muito pesado para apenas uma desenhista (e na época a Ana estava começando a sofrer na faculdade de Arquitetura, em período integral), propus a ela fazermos, ao invés disso, uma história ilustrada para postar em um blog. Quando comecei a rascunhar Guardians, ela leu e curtiu. E, assim, começou oficialmente a nossa parceria. =) 


A personagem Anne Soares tem muitas coisas em comum com você: o signo, cor dos olhos, cabelos loiros, adora cachorros... Pode-se dizer que a Anne é uma Luciane de papel?
Graças a Deus, não rs. Tenho várias coisas em comum com a Anne, especialmente as características mais fortes do signo de câncer. Já a aparência, foi uma brincadeira da desenhista, não tive muito a ver com isso, eu juro rs. Na personalidade, não somos tão parecidas assim.

Cá entre nós, por que a Sofie sofre tanto?
Reza a lenda (ou teoria de alguns leitores) que, há milhares de anos, uma bruxa soltou uma maldição sobre todas as mulheres da família Gautier rs... Mas, sinceramente, não sei se foi realmente isso o que aconteceu rs.

Há alguma inspiração para o Kuro, o grande vilão da história?
Graças a Deus, não conheço ninguém que tenha servido de inspiração rs... Talvez ele tenha um pouco de vários vilões, mas não consigo ver nenhuma inspiração direta nele.

Teve algum personagem em particular que deu um trabalho a mais?
Sem dúvidas, Mic e Maire.

No livro encontramos o relacionamento entre duas garotas: Micaela e Maire. O namoro das duas surgiu “do nada” ou foi criado com o intuito de levar o leitor a refletir sobre o assunto?
Não tive nenhuma pretensão maior com as duas. Como os 12 protagonistas são completamente diferentes uns dos outros, esta seria apenas uma diferença a mais na história. Ao mesmo tempo, já tinha em mente o triângulo amoroso Micaela-Mau-Maire, que teria o diferencial de ter 3 opções possíveis de casais. Nada a mais que isso. O romance delas nem teria tanto destaque assim na história, mas elas acabaram ganhando tanta vida e cativando tantos leitores e torcedores, que aos poucos foram tendo mais espaço e visibilidade na trama. E, por conseqüência, mesmo não sendo minha pretensão inicial, acabou, sim, possibilitando reflexões sobre o assunto. Cheguei a receber emails lindos com elogios sobre a forma com que abordei o tema, e até mesmo de meninas homossexuais contando que se emocionaram e se identificaram com as duas. Mas o melhor de todos foi de uma leitora contando que, de início, odiava o relacionamento de Mic e Maire, mas que minha história a ensinou a ser mais tolerante com relação ao tema. Isso fez valer a pena cada minuto gasto na frente do PC para criar essa história.

E quais foram as críticas dos leitores quanto o namoro das duas Guardiãs?
Graças a Deus, tive poucas críticas negativas com relação a isso. Apenas da leitora que citei na resposta acima. Em geral, os leitores gostaram e torceram muito por elas.

O Brasil não é conhecido como um país de leitores. E quando o autor é independente, é ainda mais difícil de atingir o público. Como você tem se saído em relação a isso? O resultado tem sido satisfatório?
O resultado é lento, mas satisfatório, sim. Ser autor independente significa que temos que ser escritores, revisores, divulgadores, vendedores... O trabalho com um livro não termina nunca.

Qual a relação da sua família com sua carreira de escritora?
Se bobear, meus pais estão curtindo isso tudo bem mais do que eu rs. Eles apóiam demais, torcem muito e contam pra todo mundo que a filha deles é escritora rs Vestem a camisa mesmo! Aliás, literalmente, porque minha mãe mandou fazer até uma camiseta de Guardians pra passear pela bienal rs.

Você não esconde de ninguém que é apaixonada pela cultura japonesa. Conta um pouquinho como começou essa paixão?
Gosto do Japão desde que me conheço como gente. Sou da geração que cresceu assistindo tokusatsus na extinta (e saudosa) Rede Manchete: Jaspion, Changeman, Flashman, Cybercop, Winspector... E sempre tive um estranho fascínio pelos olhinhos puxados, pelos gestos e condutas, pelas “letrinhas estranhas” que apareciam nos créditos finais dos episódios... E, em especial, pelos enredos. Os japoneses tem uma forma diferenciada de criar histórias: os personagens são sempre muito humanos – com seus defeitos, qualidades e complexidade – os relacionamentos pessoais são sempre muito bem trabalhados... Isso sempre me atraiu bastante.

Quais são seus autores favoritos?
Khaled Hosseini, Dan Brown e Luis Fernando Veríssimo.

Defina a Luciane Rangel: Uma sonhadora

Rapidinha:

Uma cor: Azul
Uma música: Não me peça pra escolher uma música, não dá rs Sou movida a música!!
Uma comida: Pizza \o/
Um filme: Avatar
Um livro: A Cidade do Sol
Um dia: Sábado
Um sonho: Chegar ao maior número possível de leitores com as minhas histórias
Um lugar: Minha casa.
Uma saudade: Da época que eu tinha tempo pra escrever =(
Uma frase: "Quando o homem aprender a respeitar até o menor ser da criação, seja animal ou vegetal, ninguém precisará ensiná-lo a amar seu semelhante". - Albert Schwweitzer.
Um ídolo: Pode ser dois? Minha mãe e meu pai =)

Já tem projeto para um novo livro?
Tenho vários projetos iniciados e outros em mente, mas ainda não sei a qual vou me dedicar. Ainda estou muito atarefada com Guardians, certamente só vou parar para pensar em outro livro no ano que vem.

E como está o coração às vésperas da Bienal?
Tenso e ansioso! Tenso porque falta tão pouco, e tenho ainda tantas coisas para organizar até lá. E junto rola a ansiedade para que tudo dê certo, e para conhecer pessoalmente tanta gente legal que só conheço pela internet (Rafa Rocha inclusa! =D)

Para terminar poderia dar um recado para os freqüentadores do blog de “Escapismo”?
Um beijo grande a todos, em especial pra minha amiga – e colega de escritas – Rafa Rocha, pelo carinho que sempre dedica a mim e ao meu livro. E nos vemos na Bienal, galera! \o/ 2 e 3 de Setembro, Estande P32, Pavilhão Verde! =D



3 comentários:

Unknown disse...

Adoro!!!!!

Lucy é demais mesmo não tento lido os livros dela eu quero pelo menos ler um e senti a emoção que talvez muito sentiram com a história dela.

Sorte menina!

Josiane veiga disse...

A frase da lucy é a mesma que a minha hehehehehe


nossa, linda entrevista... parabens a essa MONSTRAAAA da atual literatura... aqui a uns 200 anos guardians será tema de escola!

Carol Canellas disse...

Muito bom!!!

Admiro mts vcs por enfrentarem o desafio de projetar, realizar e divulgar o proprio livro!

Luciane, um meeeeega parabéns pela bienal!! Vai estar lah amanhã tb? Aew passo por lah!
=*