Cabra-cega

O título e a capa não poderiam expressar melhor a trama encontrada na obra de Sheila Mendonça. "Cabra-cega" mexe com um assunto delicado e extremamente tenso: violência contra a mulher. Sem contar que a Clara, a personagem principal, é uma perfeita "cabra-cega", para não dizer uma completa tapada (mas isso é minha opnião XD).

A história começa quando Clara (que acabara de se formar no ensino médio), acaba conhecendo Gustavo em um clube. Bonito, charmoso, educado e cursando o último ano de medicina, tinha praticamente tudo que uma mulher procura em um homem, não é mesmo?  Logo, não foi nenhum pouco difícil para ele conquistar o coração de Clara. E em pouco tempo estavam se casando.

No entanto, o quê era para ser um belo conto de fadas acabou se transformando no mais perfeito pesadelo.

Pois é... O príncipe virou um sapo. Se bem que, queria o Gustavo ser um sapo! Aquele remanescente do inferno com certeza foi expulso aos pontapés do andar debaixo por quê o Capeta não queria competição no território dele; por quê, olha... Ô sujeitinho desgraçado! Tinha horas que eu tinha uma vontade absurda de pular dentro do livro só para poder dar com uma panela de pressão bem no meio da cabeça daquele infeliz... Mas como não me era possível, torcia para que a Clara o fizesse!

Aquele maluco transloucado, além de fazer da esposa prisioneira na própria casa - não permitindo que ela trabalhasse nem que cursasse a tão sonhada faculdade de Psicologia - ainda fez questão de manter Clara longe da família. Logo que pôde, se mudou de Curitiba para Ouro Preto e, por conta de um pequeno "incidente" durante a visita de uma amiga da esposa, Gustavo tratou de se mudar para o Rio de Janeiro.

"Mas é só isso que ele fazia? Mantinha ela presa e ficava pulando de cidade em cidade como um macaco tonto?" Quisera a Clara que fosse assim... Vez ou outra, por coisas mínimas ela acabava apanhando. Isso mesmo: apanhando.

Olha, eu não sei de vocês, mas para mim basta UM tapa para eu ir embora. Depois de ter revidado, é claro XD.

"Mas como a Clara ia embora? O Gustavo era um maluco e era capaz de espancá-la se tentasse!" Caramba! Será que a Clara nunca ouviu falar em sonífero ou o pavor era tão grande que ela tinha medo que ele acabasse descobrindo (o quê, vamos combinar, só aconteceria se ele fosse médium vidente ou algo parecido)? Era só colocar um sonífero no jantar; depois que ele pegasse no sono, para garantir, era só bater com a panela de pressão na cabeça dele e pronto: era só ir embora livre, leve e solta.

Só que a Clara era uma lerda! Ok, ela até tinha vontade de ir embora e pôr um fim naquele inferno, mas como entre o dito e o feito existe um abismo, ela precisou tomar MUITA porrada até tomar tendência na vida. Não, não foi com uma panela de pressão como eu queria e sim com um cinzero, mas tá valendo, não é verdade?

O caso é que, depois dela finalmente ter tomado uma atitude, Gustavo desapareceu por meses, que se tranformaram em anos... Nesse meio tempo, Clara consegue tudo que ela sempre quis: se forma em Psicologia, casa com um cara mega lega e parecia que tudo estava em paz e ela finalmente poderia viver feliz.

Mas aquilo era só o silêncio que precedia uma tempestade das feias. Gustavo não havia desistido de Clara e estava só esperando o momento certo para se vingar e mostrar que o pesadelo estava muito longe do fim. 

Agora chega, se não acabo soltando spolier XD. E olha que eu não contei nem metade das barbaridades que o Gustavo cometeu. Vai ler o livro e descubra o resto.

Ao meu ver, acho que que "Cabra-cega" é mais voltado para o público feminino, então meninas, leiam e aprendam a não ser lerdas como a Clara e tenham em mente que panela de pressão não serve só para fazer feijão ou canjica!

Mas falando sério, a violência contra a mulher existe e vai continuar existindo se a gente não fizer nada. A lei Maria da Penha está aí e só não se faz valer dela quem é IDIOTA.

Ler "Cabra-cega" me trouxe uma experiência diferente. O livro é todo em prosa; exatamente, não tem diálogo nenhum. Confesso aqui que, ao bater o olho, achei que seri aum pouco cansativo, afinal, além de não ler romance com muita frequência, até então eu nunca tinha lido nenhum livro sem diálogo. Mas não foi cansativo, na verdade, quando eu menos esperava, já tinha terminado. Foi rapidinho!

Então, boa leitura a todos!

6 comentários:

She disse...

Minha querida!
EU AMEI A SUA RESENHA! Confesso que dei boas risadas aqui, e me diverti horrores com o que eu consegui fazer você sentir com a construção de minhas personagens. Provocar esses sentimentos nos leitores significa que eu acertei no ponto, e isso trás uma satisfação profissional para a escritora aqui que é uma delícia de sentir, confesso. Obrigada pelo carinho de sempre.
Não é a primeira vez que leio uma coisa curiosa sobre o meu livro: o fato dele não ter diálogos. Sei lá se é por que estou tão acostumada a ler livros sem diálogos que não acho que isso seja um diferencial, mas tenho visto que na realidade é. (rsrs) Acho isso interessante!
Só discordo quando vc diz que acha o livro direcionado para mulheres. Entendo que quando pensamos em violência, numa relação a dois, as estatísticas mostram muito mais a mulher sendo violentada. Tá bom. Pode ser mesmo. Mas isso quando falamos em violência física. Mas existem muito homens que são prisioneiros de mulheres, das relações que estão... Sim, isso é possível tb. Existem homens infelizes, inseguros e que sofrem violência psíquica. Na realidade Cabra Cega fala da violência física contra a mulher, mas fala tb das outras. Existe uma profundidade gigante nesse tema. Respeito o seu ponto de vista e sua opinião que é pessoal e intransferível, mas o que quero te dizer é que infelizmente ng está livre de ser prisioneiro de ninguém, e de nenhuma relação, e isso nada tem a ver com o sexo das pessoas. O ponto é forte. A amplitude disso é gigante e abre portas para muitas coisas.
Me empolguei!
Enfim, adorei mesmo a sua resenha.
Beijo, beijo!
She

Jorge Oyafuso disse...

Bem que eu queria pensar que essa história é de ficção, mas é um pouco da realidade de muitas mulheres, infelizmente.

Gostei da resenha, e espero que seja um alerta às mulheres que sofrem desse mal.

Nem tudo está perdido. Sempre existe um basta em uma relação doentia. Basta agir.

Krica Dantas disse...

Nossa, deu super vontade de ler esse livro. Me lembrou "Enough", filme com a J-Lo. ^^ Muito boa a resenha. (Y) (Postando comentário again, agora com meu perfil mesmo, haha)

Unknown disse...

Bem o livro deve ser otimo, mas o que me falta é coragem de ler, sei que o tema violencia é algo ue não saia do nosso dia a dia, mas eu ainda não enho coragem e ler o livro sabendo o tema. É algo da minha pessoa nada contra a autora ou o tema, mas se eu não soubesse o tema eu iria ler na boa. Agora a sua resenha foi muito engraçada como você falou da personagem principal e o que ela passa. Adorei mesmo. =D

Josy-chan disse...

Por mais incrivel que pareça, eu sei que as coisas não funcionam assim tao facil. A violencia não despedaça somente o corpo, mas ela destroi a auto estima.
Na adolescencia sofri isso em casa, e não tinha forças para revidar... passei anos sofrendo calada. Então, quando as pessoas falam que "revide!" é pq nunca sofreram isso, não sabem como é dificil. Não, não é assim para se revidar, ainda mais quando a outra pessoa é mais forte.

Tenho muita vontade de ler o livro da Sheila, mas não quero reviver meu passado, quando meu padrasto era alcoolatra. Hoje, graças a Deus, ele não bebe. Foi curado por Deus dessa doença, e está liberto a 8 anos do vicio. Somos uma familia e nos damos maravilhosamente bem... mas, pelas resenhas, sempre vejo que Cabra Cega, da Sheila, é fiel no quesito psicologico das vitimas

She disse...

Minha querida Rafaela, vou pedir licença e deixar um recadinho para a Josy...
Oi Josy, o seu comentário me comoveu, pois qdo eu fiz Cabra Cega não tinha noção do quanto o meu livro poderia chegar perto do real, não tinha essa intenção mesmo, apenas queria escrever uma ficção que foi criada em minha cabeça depois de assistir ao filme "Dormindo com o Inimigo", mas qdo saí do mundinho do meu quarto, que é apenas o meu mundo de criação, e passei para a publicação é que a minha ficha caiu do quanto Cabra Cega, apesar de ser ficção se aproxima do real. É impressionante a quantidade de retornos e histórias que já fiquei sabendo... O que posso te dizer é que sinto muito e não ache que neste meu sentimento em relação a você e a todas as pessoas que são vítimas físicas ou/e psíquicas, tenham de mim apenas piedade negativa, não é isso não... Quero apenas te deixar aqui um beijo, beijo bem carinhoso e te dizer que outros livros virão, quem sabe você não consegue ler o meu próximo livro? Ainda não posso dizer sobre o que é, mas está a caminho... ;) Fica bem e bjks!
She