O Caso Laura

Parece que foi ontem o dia que, tentando me convencer a emprestar "O Hobbit" (na época eu era a personificação do egoísmo quando se tratava de emprestar algum dos meus livros) me ofereceu o livro "Os Sete" de André Vianco como uma espécie de "troca". Confesso que até então não conhecia nada sobre o autor, mas a capa por si só já foi o bastante para despertar o interesse pelo livro. Depois de ler a sinopse, minha curiosidade foi maior do que meu egoísmo: no dia seguinte levei meu livro para esse amigo e comecei a ler a obra do Vianco durante as aulas que tive a seguir; estava hipnotizada pela trama, pelos personagens, a forma como a história se desenrolava... Enfim, largar o livro era uma tarefa quase impossível.

Passados dois dias (se a memória não me falha, é claro) ao terminar de ler a última página, não só estava encantada com os vampiros portugueses mais fantásticos do mundo, como havia virado fã de carteirinha do Vianco. Sem contar que estava numa ansiedade desmedida para ler "O Sétimo".

É quase surreal dar-se conta que quase nove anos se passaram desde então. Só não é mais surreal quando penso em todos os livros que ele lançou no decorrer desses anos e o quanto me diverti com cada um deles.

Neste ano, mais precisamente no começo de abril, os fãs do André foram presenteados com o décimo terceiro livro do autor: "O Caso Laura", um romance policial com um toque sobrenatural.

Há algo inexplicável nos livros do Vianco; uma espécie de magia que o leitor não consegue desgrudar do livro antes de ler o desfecho da história. Enquanto lia, toda hora me prometia "só vou ler mais esse capítulo" ou "só mais essa página" para poder fazer alguma das minhas obrigações. Só que, independente de quantas vezes me prometia tais coisas, era inútil!

Mas, o quê fazer quando os personagens são construídos e explorados de maneira impecável e mesmo os "maus" são tão fascinantes que fica impossível não sentir certa simpatia por eles? Ou quando a trama é tão bem amarrada e desenvolvida que deixar para saber o quê vai acontecer para outra hora é quase impossível, pois sua curiosidade foi instigada ao máximo? Essa é a "magia" que encontramos nos livros do Vianco e, "O Caso Laura" não foi a excessão dessa regra.

Como o título leva a maioria a crer, Laura é a personagem central da história. Logo no primeiro capítulo vemos que a personagem está passando por um momento extremamente difícil: após um AVC seu pai entrou em um profundo estado de coma. Isso por si só já é capaz de deixar qualquer espírito em frangalhos, ainda mais quando aquele pai não só era seu porto seguro, como a única pessoa que lhe restava no mundo.

No entanto, aquela não era a primeira vez que Laura tinha que lidar com uma dor tão insuportável que, aparentemente, só a morte faria com que ela cessasse. Não... Aquela era só mais uma tragédia em sua vida. Conheceu a dor com a morte prematura e sua mãe; experimentou de seu cálice mais amargo quando - por um trágico descuido - acabou provocano a morte da pessoa mais cara ao seu coração; e ainda teve que passar por um divórcio traumatizante. Como ela, que já carregava duas cicatrizes nos pulsos conseguiria lidar com a provável morte do pai?

Todavia, no meio daquela tempestade de desespero, Laura encontra Miguel: um senhor e meia idade com quem passa a se encontrar todos os dias na hora do almoço. Alguém que em poucos encontros ganhou sua total confiança e simpatia; alguém que está disposto a secar suas lágrimas sempre que elas corressem por seu rosto - o que acontecia com freqüência.

Só que Laura não fazia a menor idéia que a partir de um certo momento seus encontros com Miguel passaram a ser vigiados por um detetive particular.

Contrariando seu costume de não prestar serviços a clientes anônimos, Marcel acaba cedendo ao pedido do homem que pedira para que investigasse Laura. Acreditando que se passava de mais um caso de adultério, o rapaz passa a investigar os dois à disntância e, para sua surpresa, na conversa dos dois não havia nada que apontasse que os dois tivessem um caso: eles nada mais faziam o que conversar.

Ao levar tal conclusão ao contratante de seus serviços, o mesmo pede que Marcel investigue mais sobre Marcel.

É aí que o mistério começa. Afinal, depois de descobrir onde aquele senhor morava, qual era a explicação lógica para ao entrar em uma casa que não passava de um cubículo - desprovido de móveis e até mesmo e janelas - cuja única entrada e saída era a porta, Miguel simplesmente desaparecia?

Paralelo a esse mistério, temos Alan: um policial civil que, após a morte a esposa, se tornou um justiceiro que não tem medo de executar a justiça com suas próprias mãos e banir desse mundo aqueles que acreditava ser a escória da sociedade.

Sua conduta é acobertada pelo delegado Rogério que, ainda sim, não cansa de adverti-lo que hora ou outra poderiam descobrir o quê ele andava fazendo. E eis que, para desagradável surpresa e Alan, a Corregedoria envia Gabriela para investigá-lo.

À princípio não entendia o quê a história de Alan teria haver com a de Laura, mas, conhecendo o estilo do Vianco, sabia que o caminho daqueles dois personagens iriam acabar se cruzando, no mínimo se esbarrando. E é o que acontece, mesmo que num breve instante.

Mesmo cada um seguindo seu caminho após aquele "esbarrão", vi que a história de Alan era mais do que necessária em "O Caso Laura". Assim como ela, o policial havia perdido o quê mais amava e acreditava não ter mais nada a perder; assim como Laura, mesmo sem se dar conta, Alan estava a poucos passos do limite da dor.

Alan e Laura tomam escolhas diferentes quando a dor atinge seu limite mais uma vez e, é de uma riqueza ímpar ver o resultado da escolha de cada um.

Não vou me estender mais (aliás, acho que escrevi um pouco além da conta) tão pouco darei qualquer spolier.

Para finalizar, só vou dizer que "O Caso Laura" é um livro ótimo, de uma trama sensacional e personagens cativantes; se é possível, minha admiração pelo autor aumentou ainda mais. Dá gosto de ler um livro tão bom e saber que é "Made in Brasil" sabe?

Então não percam tempo, ok? Leiam e descubram as respostas do mistério de "O Caso Laura".

4 comentários:

Jackieline Veras disse...

Na boa, li o livro e não vi nada demais. Talvez seja o fato de ter esse toque sobrenatural. Enfim, vale a pena a leitura para conhecer mais do estilo do autor.
Achei fantasioso demais no tiroteio em que se encotra envolvido Marcel um anjo de "resgate" aparecer.

Enfim, minha opinião né. Ótima resenha.
Abraços

Luciane Rangel disse...

Nunca li nada do Vianco, acredita? Mas falam tão bem, sempre, que tenho a maior curiosidade O.o

Acho a capa desse livro super legal *-*

Adorei a resenha. Quero leeer!

Bjos, Rafa-chan! =)

Caito disse...

Não é querendo ser chato nao MAS eu nao diria q é um dos melhores livros dele nao viu.

Acho que seguindo mais ou menos o Genero o SEMENTES NO GELO dele é bem melhor.


MAS "O Caso Lauro" é bom tambem.

Rafaela Rocha disse...

Caito

acho que entendi o que você quis dizer. Não vou dizer que o "Caso Laura" é meu livro favorito do Vianco, no entanto me pergunto se isso se baseia no fato de eu gostar mais de histórias de vampiros do que as que tem um enredo policial.

Mas de qualquer forma foi um livro que realmente gostei de ler.